“O conceito de estratégia, em grego strateegia,
em latim strategi, em francês stratégie...”.
Melhor definição que está, do
saudoso Capitão Nascimento, é a usada por Paulo Schmidt. “A estratégia envolve
capacidade de raciocínio lógico, sendo necessária a habilidade de previsão das
possíveis reações às ações empreendidas”.
Desta forma, na coluna desta semana, levanto algumas
possibilidades de ação, baseado na última coluna, onde expliquei as pesquisas
de torcida que indicam a presença da China Azul pelo país. Se você ainda não
conferiu, acesse aqui.
Minas Gerais.
Em princípio, os dados divulgados pelos
levantamentos estatísticos servem para mapear a presença da instituição no
mercado nacional. Então é sabido que dentro de Minas Gerais, o clube tem uma representação
significativa em certas regiões.
Dentro deste cenário, nota-se que os principais
concorrentes pela supremacia estadual não se encontram dentro do futebol local.
São os clubes paulistas e cariocas, principalmente Flamengo e Corinthians, que
detém margem significante de torcedores no Triângulo Mineiro, Zona da Mata e
Sul/Sudoeste.
Em termos de economia é fundamental ao clube
solidificar sua presença nestas regiões. Das trinta cidades mineiras com maior
PIB, treze estão nestes locais.
Duas maneiras de fortalecer a marca nestes lugares
são a expansão das lojas oficias do clube e o fortalecimento das redes de
escolinhas de futebol.
O site oficial apresenta as formas de abrir
franquias das lojas. Falta então um incentivo entre a rede que explora a abertura
dos estabelecimentos, o clube e empresários que se interessem pelo
empreendimento, para facilitar o processo e atrair os torcedores.
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Lojas Maior de Minas (Imagem: Reprodução Site Oficial) |
Seria possível, a partir disto, realizar promoções
especiais, levar jogadores marcantes e ídolos do passado para eventos
específicos e consolidar o “Reduto do sócio” -
iniciativa muito interessante promovida pelo departamento de Marketing.
Em compensação, a página oficial do time não
apresenta as escolinhas de futebol. Não é possível saber se os anúncios
encontrados por busca são atuais, ou os estabelecimentos estão em pleno
funcionamento e nem ainda, como abrir novas franquias.
Este tipo de negócio é muito utilizado por clubes
do exterior como o Boca Juniors, por exemplo, que tem em seu site a lista de
escolas oficiais, sendo muitas delas no Brasil.
Ter mais atenção a este empreendimento vale muito
ao clube, além da possibilidade de descobrir jovens promissores, fortalece a
marca junto às crianças, potenciais consumidores.
Resto do
Brasil.
Utilizando o mesmo raciocínio, é possível atingir outras regiões, partindo do mesmo pressuposto que
o clube deve mirar sua presença em estados vizinhos que oferecem abertura.
Um bom exemplo é Brasília. De acordo com a pesquisa
Facebook/Globo, o Cruzeiro representa 4,2% da preferência, disputando com
Palmeiras e Botafogo o quinto lugar entre as torcidas mais presentes.
Desde a abertura, duas partidas foram realizadas no
estádio Mané Garrincha. A primeira contra o Atlético/PR, com mando do
adversário, teve público de 12 mil pessoas (maioria absoluta de cruzeirenses)
com preço médio do ingresso de 160 reais a inteira e 80 reais a meia. A segunda
partida, o amistoso contra o Shakhtar Donetsk, teve público de 6,8 mil pessoas e preço médio de 86 reais.
Por força de contrato, o clube não pode atuar fora
do Mineirão, exceto em caso de punição, mas isso não abrange partidas amistosas.
Realizar excursões de pré-temporada criam um relacionamento com o público que
não pode assistir aos jogos em BH, sendo importante atentar ao preço cobrado
pela entrada.
Durante as últimas temporadas, o clube fez viagens
semelhantes aos Estados Unidos, nos intervalos para as competições da FIFA. É
saber potencializar a audiência brasileira para eventos como estes.
Não somente em Brasília, mas Goiás, Espírito Santo
e o sul da Bahia são regiões cuja presença celeste já é considerável. Imagine
então, o que quinze dias de treinos abertos e eventos chaves não fariam para a
popularidade do clube?
Há ainda a possibilidade de disputar os campeonatos
destes estados. Assim como já usou diversos clubes do interior de Minas como
incubadoras de talentos, o Cruzeiro pode seguir o exemplo do Corinthians e
criar parcerias com os times locais.
O clube paulista assinou recentemente um acordo com
o Tigres, time do Rio de Janeiro, que permite o empréstimo de jogadores e
comissão técnica. Além de dar experiência aos atletas em formação, a atitude
implica na presença do alvinegro no estadual carioca.
Investimento.
Todos estes planos mirabolantes esbarram nas
questões de logística e gastos. O excesso de competições a partir de 2016, com
a criação da Primeira Liga, criam barreiras para ações imediatas.
Mas falamos de planejamento, que envolve horizontes
de ações muito mais longas do que um ano. Pensar neste tipo de expansão envolve
a criação de um projeto que abrange, pelo menos, uma década.
Se bem realizado, a atração de parceiros em
potencial equaliza o lado financeiro do investimento. É saber construir uma
imagem sólida, de profissionalismo, apresentando os sucessos alcançados pela
parte esportiva da instituição.
E isso, a propósito, é parte fundamental da
equação. Já citei diversas vezes a fala de Ferran Soriano, no livro ‘A bola não entra por acaso’: “torcedor gosta de ganhar, ser
campeão” e não adianta pensar num processo expansionista sem que haja
contrapartida desportiva.
Por fim, o clube se encontra mais próximo do seu centenário.
É preciso crescer as expectativas para acompanhar a tendência globalizada que
atinge o futebol, no intuito de consolidar como importante marca esportiva do
Brasil e fazer frente ao cenário de aumento da
popularidade do futebol europeu em solo nacional.
Por: Felipe Nunes
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