Olá
Nação.
Sun
Tzu foi um general e estrategista chinês cuja fama é atribuída por ter escrito
um tratado militar dois séculos antes do nascimento de Cristo. A grosso modo, em
um dos 13 capítulos onde demonstra diversos métodos de guerrilha, o general
afirmou que para derrubar um exército gigante em batalha era preciso dividir as
forças do inimigo, pois somente assim era possível derrotá-lo.
Não
ache que está na página errada, caro leitor, esta premissa é para mostrar a situação
da torcida celeste hoje. Bastou somente uma arrancada aquém das expectativas, e
foi o suficiente para instaurar uma cisão entre os adeptos neste início de
2016. Desde Adilson Batista, há oito anos, não havia reações tão exasperadas
quanto ao início de um treinador.
Dividindo opiniões (Foto: Washington Alves/LightPress/Cruzeiro) |
Após
cinco partidas, incluindo o amistoso contra o Rio Branco, parte da torcida se
julga consciente de que o novo treinador não irá corresponder ao que se espera
dele. Alega que a diretoria cometeu um erro de julgamento ao confiar toda a temporada
a um calouro, um estagiário.
Aproveitando
o momento delicado, alguns oportunistas já agem sem discrição, incitando a
discussão, fomentando a rejeição do treinador e sugerindo que não seria apenas ele
o novato no comando do clube.
É
preciso lembrar então, para alguns torcedores, que 2017 é ano eleitoral na Toca
da Raposa e, obviamente, dividir a torcida é enfraquecer o Cruzeiro.
Basta
pensar um pouco e veremos que há muita gente interessada em que as novas caras
do clube não consigam o sucesso almejado.
(Como
de praxe no atual momento do país, algum leitor mais exaltado já poderá me
chamar de “amigo da diretoria”, afinal, a lógica desse tipo de indivíduo segue
a máxima “se não está comigo está contra mim”).
Deivid, o estagiário.
Ser
um estagiário não é ruim, pelo contrário, normalmente é quando você conclui uma
etapa de preparação e encara a tua profissão. É o tempo de errar e ser xingado
por isso, tentar mostrar que aprendeu a fazer tudo o que já funcionava
perfeitamente ficar melhor, falhar nessa tentativa, e acabar percebendo que
nessa etapa, quando fazes o simples, bem feito, tudo funciona nos conformes.
Mas
chega uma hora que os erros são minimizados ou eliminados, e o processo passa a
fluir naturalmente, e você consegue implementar as inovações que planeja. É nesse instante que finalmente você percebe
estar pronto para ser chamado de profissional, exercer aquela função.
É
irreal pensar que no futebol seria diferente, e que Deivid não erraria tentando
por em prática seus conceitos “aragoneses” ou sua visão de um time “ataque
total”. A expressão “estagiário que pilota um Boeing”, que apareceu numa
entrevista concedida pelo Vicintin essa semana à Radio 98 FM serve pra ilustrar
a pressão que existe sobre esta experiência.
Mas
ao contrário do cenário de um vôo comercial, o treinador tem tempo, mesmo que
curto, para aprender com os erros antes de acontecer alguma catástrofe, considerando
ainda que o número de “vítimas” seja exponencialmente maior.
Hora de explorar as opções do elenco (Foto: Washington Alves/LightPress/Cruzeiro) |
Você
pode me achar muito contraditório, mas quero dizer que esta condição não é ruim
para o Cruzeiro no atual momento da temporada, ao contrário do que muitos
acreditam. Observando o calendário até aqui, disputamos apenas o Campeonato
Mineiro, aliado à, pelo menos, três partidas na Copa da Primeira Liga e a
primeira rodada da Copa do Brasil.
Há
ainda mais dois meses para o clube fazer exatamente o que está fazendo. Testar
o elenco e principalmente o rendimento da equipe comandada pelo Deivid. É bom
lembrar que não ocorreram vendas de jogadores de 2015 para 2016, logo, não há
dinheiro em caixa.
Tal
verba só virá ao início do Campeonato Brasileiro, ao aportarem cotas de TV. Portanto,
definindo titulares e uma equipe base, a diretoria pode concentrar-se em gastar
para reforçar os pontos fracos detectados para a disputa do nacional.
Há
um risco claro, e devidamente assumido, de ser eliminado da Copa do Brasil,
competição mais importante deste momento. Porém, tal eliminação pode levar o
time a disputar a Copa Sul Americana no segundo semestre, competição muito
interessante e provavelmente o atual “caminho mais curto” para a Libertadores.
A
diretoria nunca dirá com todas as letras, mas 2016 não é um ano onde o time
brigará diretamente por títulos. A meta principal é alcançar a Copa Libertadores
de 2017 e preparar a equipe para entrar firme no próximo ano. Se ocorrer alguma
conquista, será muito mais um efeito secundário do que um objetivo principal.
Sabe quem vai dar liga ao time? Você (Imagem: Reprodução Youtube) |
De
toda forma, o apoio da torcida será a principal força motriz dessa engrenagem,
como tem sido desde sempre. Cair em provocações e discursos apocalípticos com
apenas dois meses de trabalho no ano é dividir o exército gigante que somos.
Sun
Tzu também alertava para se preparar adequadamente em razão de cada tipo de
terreno e, nesse ambiente permeado por interesses escusos, devemos estar firmes
para resistir àqueles que querem acabar com o Cruzeiro.
Sun Tzu uma vez disse: Subir a marcação e forçar adversário a errar na saída de bola (Imagem: Divulgação) |
Felipe Nunes, eu sou contra o trabalho do Deivid. Não por achar que ele não tem conhecimento, até acredito que ele tenha um pouco. O principal motivo d'eu ser contra é em razão da incapacidade de aplicação desse conhecimento. Deivid não é um líder, nunca foi. Isto pra mim é um fato. Nunca li Sun Tzu, mas ele deve ter dito alguma coisa sobre a habilidade de comunicação que um líder deve ter para enternecer seus comandados. Veja que esta semana o Deivid criticou o árbitro de Cru x Flu dizendo que ele "nunca apitou série A". Ora, é muita contradição (pra não falar burrice) uma pessoa criticar outra que sofre da mesma fraqueza. Exemplo claro de seu despreparo, razão pela qual o julgo inepto para assumir essa responsabilidade no Cruzeiro.
ResponderExcluirA liderança adquirida por exaltação, como no caso do treinador que foi alçado ao posto a pedidos dos comandados, induz que o grupo tenha confiança nas capacidades demonstradas por ele. O caso me parece dificuldades didáticas, que implica na dificuldade de transmitir o conhecimento acumulado em seu processo de aprendizagem, provocado pela falta de experiência.
ExcluirNo texto apresento meu ponto de vista, o de que ele ainda não estava preparado exercer a função, haja vista que citei a passagem pelo processo de transição (estágio), fundamental para alcançar o posto de profissional. A questão é que o clube visualizou o momento como propício para efetuar o teste, com objetivo claro de preparar o elenco para o próximo ano.
Discordo apenas de parte da torcida que já pede a saída imediata do treinador. É perceptível, na minha visão, que a inexperiência faz com que a vontade de mostrar conhecimento o atrapalhe na montagem do time. Como disse no texto, a volta ao statu quo, ao ponto de partida, fazendo o simples para só depois implantar as ideias mais complexas, pode ser a solução para este problema. Resta saber se ele perceberá isso a tempo.
Abraço.