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CONTOS ESTRELADOS: Geovano Chaves

A série Contos Estrelados, tem como objetivo mostrar diferentes histórias de Cruzeirenses. Cruzeirenses de berço e até mesmo que se tornaram "azuis" durantes a vida. As histórias contadas, mostram que o sentimento, envolvendo CRUZEIRO, é imenso, o verdadeiro TIME DO POVO!

Geovano Chaves fala um pouco de suas histórias junto ao Cruzeiro.
Escrevo este texto em um momento histórico de minha vida. No próximo ano, 2016, completarei 30 anos de arquibancada do Mineirão. São tantas histórias, emoções, situações e aventuras vividas naquele monumento de concreto contemporâneo. Difícil selecionar algumas delas para relatar aqui. Mas como o desafio foi feito e acatado, vamos lá. Opto por não destacar um jogo específico em si e sim minhas recordações das primeiras relações que tive com o estádio. Desde criança, o Mineirão foi uma febre em minha vida. A primeira vez que entrei no estádio foi em 2 de novembro de 1986, e nesta partida o Cruzeiro venceu o CSA de Alagoas por 2 a 0, com gols de Hernani e Hamilton. Os 20 mil pagantes, os cantos, a camisa, toda aquela atmosfera iria marcar minha vida para sempre.


Foto: Arquivo Pessoal

Dali em diante, o Mineirão sempre foi um lugar que eu sempre gostei e gosto de estar. Quando não podia ir, quando era criança e não tinha condições de ir sozinho, eu passava mal. Minha família achava estranho, mas achava que era coisa de moleque. Bastou me tornar adolescente para começar a dar meus primeiros passos sem a companhia de um responsável para o estádio.

Era uma época de crise econômica no Brasil, o dinheiro era escasso. Porém na época existia a geral, e eu ali, pequenino, esticando o pescoço para alcançar o campo no meio daquele povão azul estrelado, me sentia extremamente feliz e identificado com aquela força que empurrava o clube.

Ia na geral, com apenas o dinheiro do ingresso e da passagem. Eram quatro conduções, bairro-centro, centro-Mineirão e a volta, e quando conseguia pular a roleta no ônibus, sobrava para um lanche nas antigas barracas ou para pagar a arquibancada e ficar no meio da Máfia Azul, que na época era emocionante. Quando o dinheiro não dava para pagar o anel superior, recorria ao recurso de pular da geral para arquibancada, na época isto era possível desde que se burlassem os seguranças. Alguém esticava uma faixa de uma das torcidas organizadas no fosso e nós, os geraldinos, a escalávamos, de lá para a arquibancada do meio (como se chamava a arquibancada inferior na época) numa correria louca até que se atingia o anel superior. Era a glória, já chegava pulando e gritando " uh, cê vê, a Máfia aê!" Que sensação, era uma vitória alcançar aquele posto.

Foto: Arquivo Pessoal
Já cheguei a levar lanche de casa no bolso para matar a fome, bebia água da torneira, por vezes, quando a grana sobrava, saboreava um sanduíche de pernil ou um tropeirão. Tinha que comer o tropeirão escondido por que os amigos esticavam a mão e diziam: me dá um capitão aí? E era impossível negar, pois as vezes, era eu que a mão esticava.

No meio disso tudo, tinha o Cruzeiro em campo. Tinha gols e mais gols do Cruzeiro. Tinha o delírio. A festa. E que festa. Ficava sufocado na fumaça, queimado de sinalizador, rouco de tanto gritar, cantar, explodir. O Mineirão foi e é sem dúvida uma das maiores alegrias da vida de milhões. Eu era mais um.

Já quase jovem, começou a loucura de acompanhar o Cruzeiro pelos estádios do Brasil. Sair de Belo Horizonte com o mínimo de dinheiro, entrar em outro Estado, em outro estádio, enfrentar outras torcidas, aquilo era uma aventura de fazer inveja a Indiana Jones ou aos “Caçadores de Emoção”, outro clássico da sessão da tarde. E estas viagens já são outras viagens, outras estórias que o amor por este clube proporcionou.

Se não existisse o Cruzeiro em minha vida, certamente, ela teria sido bem menos emocionante. Nada cobro do Cruzeiro a não ser a raça eterna de seus jogadores. Por outro lado, o sentimento que tenho pelo Cruzeiro é de dívida, por tudo que ele me proporcionou. Vou e irei sempre aos jogos do Cruzeiro por amor e gratidão a este clube.


Foto: Arquivo Pessoal


Obrigado Cruzeiro, time do povo de Minas Gerais!
Cruzeirão do Povão

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